Outono de Ali Smith


Título: Outono
Autor: Ali Smith
Género: Ficção
Ano: 2016
Avaliação: 5 em 5

"Outono" é o primeiro da série (um quarteto) das estações do ano. Narra, de uma forma temporal não linear mas, que no fim acaba por fazer sentido, a história de uma amizade incomum, entre um idoso e uma criança. Pelo meio, temos ainda a convivência entre a mãe e a pequena Elisabeth, uma personagem também ela inusitada; um drama político que divide uma nação, com destaque na questão da imigração; e a contribuição genial com a apresentação e ênfase na breve história da artista Pauline Boty, a primeira artista do movimento de arte pop britânica.

Este é um livro que nos prende, não pela história ou personagens - que também são interessantes e acolhedoras - mas pela forma como a Ali Smith derrama a sua escrita, tão impactante, expressiva e, por vezes confusa. Apesar da desordem nos temas, no final do livro (ainda levei uma noite a pensar nele) percebi o porquê dos desabafos nostálgicos, que pareciam não fazer sentido ali, pelo meio atirados. A sensação com que fiquei é que completei um puzzle de muitas peças, sem sentir a necessidade de entender o motivo de algumas peças caberem ali, naquele espaço em particular. É um livro complexo, com camadas - como as folhas do outono que caem e preenchem as ruas com as suas diversas cores! Quando isso acontece, não paramos e olhamos para o chão, não tentamos perceber o porquê de cada folha ter caído em determinado lugar. Aceitamos o seu fim, ali. A desordem foi premeditada!

Se este não for o meu livro preferido do ano, é porque entretanto li os restantes da mesma autora e algum deles o superou.

A minha passagem preferida:

"Não há mal nenhum em esquecer, sabes, disse. É bom. Aliás, por vezes temos de esquecer as coisas. Esquecê-las é importante. Fazemo-lo de propósito. Significa que conseguimos algum descanso."


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